COLEÇÕES

INCIVILIZADA

Incivilizar é reconfigurar o status do mundo. O ponto de partida, e a própria base, são simples: corpo e imaginário. Tem a ver com percepções do entorno, práticas e modos de vida. Incivilizar o corpo e o imaginário através de uma ética que, sobretudo, age para defrontar e se desviar de alguns fundamentos da civilização ocidental. Em síntese, defrontar e se desviar de visões de mundo calcadas em credos específicos, sumariamente antropocêntricos: dominação, universalização, extrativismo, expansão, progresso, sapiens soberano no cosmos.

Corpo e imaginário, aqui, têm estreita relação com livros e leituras. Pois, através de uma escrita crua e aterrada, visceral e, muitas vezes, fragmentária, não convencional, os livros da coleção incivilizada pretendem ser a contrapartida das condições hegemônicas e colonizadoras de enxergar e enquadrar a vida. Buscamos, aqui, a veia literária que estilhaça a pasteurização global, enraíza-se no próprio território, digere a diferença, corre junto com a terra, em solo firme, e, presentificada, em corpo e consciência, absorve, interage, apropria, preserva, cocria, solidariza.

TECNOFAGIA

A coleção Tecnofagia abriga textos de não ficção que falem sobre tecnologia de forma não hegemônica. São discussões e propostas do que podemos fazer quando nos apropriamos do que existe sem esquecer que não existe neutralidade nas criações humanas: toda tecnologia surge de uma epistemologia, de uma visão de mundo, é enviesada. Apropriar, deglutir, propor: a diversidade tecnológica é imprescindível para pensarmos (e agirmos) pela manutenção da biodiversidade.

A coleção é toda em formato de zine, com miolo em papel Superbond canário, incluindo códigos QR para acessar referências da internet. As obras são publicadas sob licença Creative Commons, variação CC BY-NC-SA 4.0 e, portanto, pode ser reproduzido livremente, para fins não comerciais, desde que seja sob a mesma licença e mencione autoria.

HAIMI

haimi, em tradução livre, é como “sabor de haicai”. Tem fundamento, portanto, na prática literária de origem japonesa, escrita em três versos. Apropriando-se desse sabor, amplificamos a forma: a coleção haimi pretende publicar livros de haicais, haibuns, zuihitsus e outros gêneros semelhantes, não convencionais. O norte, a simpatia e a influência da coleção é a tradição zen budista e a visão de mundo wabi-sabi, esta articulada sob os princípios de impermanência, imperfeição e incompletude, e ambos — zen e wabi-sabi — histórica e filosoficamente inter-relacionados.

Prática editorial e literária que visa não apenas o encontro específico, “puro”, da cultura japonesa. Mas o encontro de clássicos e contemporâneos, de qualquer canto do Brasil ou do mundo, de autores diversos, caracterizados por certa coesão poética e orientação frente à vida. Em outras palavras, a estética simples e refinada, a experiência poética clara e direta, em confluência com o entorno, a pequena vida, a vida cotidiana.