Zine sem tempo

Ainda ontem era possível dizer: “O tempo é agora; não podemos mais perdê-lo”. Hoje, com o pesar da calamidade que, dia após dia, torna o planeta mais hostil e ameaça praticamente todas as formas de vida, a constatação é de que a cada minuto sem ação radical, transformadora, o preço da catástrofe é multiplicado em muitos números

Muita coisa já foi perdida. Nas últimas três décadas, por exemplo, cerca 75% dos insetos voadores, os polinizadores da vida vegetal, podem ter desaparecido, desencadeando um fenômeno que cientistas chamam de “armagedom ecológico”. Em consequência do avanço dos oceanos, dentro de algumas décadas diversas cidades litorâneas ao redor do mundo poderão ficar submersas.

Sem profunda e ampla ação ecológica, o tempo se esvai como areia entre os dedos — cada vez mais veloz. Boa metáfora, aliás: a areia como figura de uma terra desertificada.

Pois bem: o amplo espectro dos movimentos e lutas sociais deve se unir em prol da militância ecológica — caso contrário, em pouco tempo, será minado pelos profundos dramas humanitários que as catástrofes ambientais podem causar.

O Zine sem tempo quer passar essa mensagem: o colapso ecológico é o maior desafio do século. Como podemos nos unir? A consciência que não desassocia — embora entenda as diferenças — entre conduta individual e coletiva é um passo significativo. Nossa participação coletiva, o confronto e a pressão que devemos exercer contra o capitalismo predatório e os governos complacentes e incentivadores da degradação da vida é, sem dúvida, o que há de mais importante a se fazer.