VEREDA 11 | EDER OLIVEIRA

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SOBRE

Vereda 11. Porque é nas trincheiras, brechas, valas e frestas que Eder Oliveira transpira, observa, toma nota, faz seu corre — para ganhar o pão ou o texto, dar sustento à casa ou à imaginação. Nas trincheiras de São Paulo: do Jardim Guaraú, intocado na zona oeste, para o mundão inteiro, escrachado que é São Paulo.

Livro breve, conciso, cortante. O trampo de motoboy, o racismo, a brutalidade do subemprego, no submundo; o veneno, a ira, o sangue (no olho, no asfalto); o samba, os camaradas, o abraço, a ginga e o amor à vida de quem não perdeu a ternura, apesar do couro cascudo. As quinze crônicas de Vereda 11 vêm da caneta do escritor que ama a crônica quase que exclusivamente. O livro ainda conta com prefácio de Paulo Galo, amigo de Edão (como chamam os mais chegados), desde moleque.

TRECHO

Cê acha memo que a saúde mental da pessoa que entrega seu lanche tá boa?

Depois de fazer a ablução matinal, engulo um pão com manteiga, dou um cheiro na guerreira e vou até o quarto dar um beijo nos meus pivete, que ainda dormem. Hoje a chuva tá castigando. O calor também. Um tira e põe de capa de chuva que é de chapar qualquer motoca. Faz uma cota que não venho mais suportando essa rotina. Dos meus 43 anos, há 22 tô na rua. Antes até que era mais de boa, virava uma moeda, tinha uns contrato, CLT e pá. Mas desde que os aplicativo dominaram a porra toda, é só tristeza que sinto. De uns tempo pra cá, tenho sentido umas palpitação no peito, um bolo na garganta e falta de ar.

AUTOR

Nascido na safra de 83, Eder Oliveira, ou Edão, é cria do Jd. Guaraú, zona oeste de São Paulo. Por lá teve sua formação nas beiradas. Do som das casas dos vizinhos veio a influência musical, em especial do rap, sua grande escola. A literatura apareceu em uma aula de língua portuguesa, quando sua professora pediu para a turma escrever uma redação sobre as férias e ele escreveu um conto, segundo a própria professora. Depois veio o gosto pela leitura. Trabalhou por quase duas décadas como entregador, época que segurou a onda dos filhos, todas as responsas, mas que também lhe gerou muita dor e sofrimento. No começo, pelas quedas, tempestades e desajustes de um serviço tão sucateado. Depois, com a chegada dos aplicativos, a precarização começou a afetar sua saúde mental. E, nesse momento, a literatura teve papel fundamental pra sua sobrevivência...

ESPECIFICAÇÕES

Gênero(s): crônica
Páginas: 60
Projeto gráfico: Felipe Moreno
Artesania: encadernação exposta
Formato: 12,0 cm x 18,0 cm
ISBN: 978-65-81513-13-9
Edição: 1ª, 2025